O governo japonês detectou nesta quinta-feira a presença de material radioativo em amostras de carne em criações de gado na cidade de Tenei, a 70 km da usina de Fukushima. Horas antes, a operadora do complexo nuclear disse que lençóis freáticos localizados 15 metros abaixo da central contêm 10 mil vezes mais radiação do que o permitido.
Os anúncios chegam no mesmo dia em que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, clamou por uma reforma nos padrões nucleares globais até o final do ano, durante a primeira visita de um líder estrangeiro ao Japão desde o terremoto e o tsunami que desencadearam o desastre atômico.
O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, apoiou a ideia. "Para evitar a recorrência de um acidente assim, é nossa tarefa compartilhar nossa experiência eficazmente com o mundo", disse ele em entrevista coletiva conjunta.
O Ministério da Saúde japonês disse que desde o início da crise esta é a primeira vez que a carne bovina produzida na região mostrou sinais de contaminação, e a Agência de Segurança Nuclear e Industrial japonesa afirmou que mais testes serão feitos.
Horas antes, a operadora da usina, a Tokyo Electric Power Company (Tepco), afirmou ter encontrado altas concentrações de iodo radioativon um lençol d'água situado a 15 metros sob a central nuclear de Fukushima.
O porta-voz da empresa Naoyuki Matsumo disse que a radiação encontrada era "10 mil vezes superior" ao permitido.
"Não há nenhuma dúvida que se trata de uma cifra elevada", destacou, não descartando, no entanto, a possibilidade de que essa taxa seja revista na sexta-feira.
Iodo 131 também foi descoberto em grande quantidade na água do mar, perto da central Fukushima.
A Tepco mediu nesta quinta-feira uma concentração de iodo radioativo 4.385 vezes superior à norma legal.
Trata-se do nível mais importante desde o começo do acidente na central.
IMPOSTO
Mais cedo, o governo japonês anunciou estar considerando criar um imposto especial e emitir títulos especiais para ajudar a financiar a ajuda humanitária e a reconstrução das cidades devastadas pelo terremoto e tsunami no começo do mês, informou o jornal "Nikkei".
As estimativas do governo japonês indicam que o custo econômico da tragédia alcançará 25 trilhões de ienes (cerca de US$ 310 bilhões), especialmente pelos danos em edifícios e na infraestrutura, o que tornaria o desastre no mais caro já ocorrido no mundo.
O governo está elaborando uma legislação que pede a criação de um imposto especial e títulos. A lei também inclui linguagem mais clara que permitiria ao governo solicitar ao Banco do Japão subscrever títulos do governo, disse o comunicado.
Sob a atual lei fiscal, o Banco do Japão pode subscrever diretamente as dívidas do governo apenas em circunstâncias especiais.
O imposto especial poderia ser estabelecido como um aumento no imposto corporativo ou no imposto sobre vendas, ou um aumento na taxa do imposto de renda, disse o "Nikkei".
O governo pretende apresentar a proposta de lei ao Parlamento até o final de abril.
O governo também pretende compilar diversos orçamentos adicionais para lidar com o desastre, mas o primeiro --provavelmente a ser compilado até o final de abril-- terá como foco medidas urgentes como a retirada de escombros e a construção de casas temporárias.
Folha.com
"Um cantinho onde eu ponho todas as minhas coisas e causos... prá fora, Onde essa coisa de gente grande com jeito de criança aflora, onde o interior de nossas almas dá lugar ao arranha céus da cidade grande..."
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Auto-acolhimento
Não importa a razão: quando nos sentimos desajustados em nós mesmos, tornamo-nos reféns de nossa própria autocrítica. Muitas vezes, quando passamos alguma vergonha (seja por algum motivo relevante ou não) ficamos presos a um estado interno que nos coloca cada vez mais para baixo. O mesmo pode ocorrer quando somos agredidos ou simplesmente fomos mal atendidos.
Quando o desconforto próprio ou alheio entra dentro de nós, só nos resta cuidar deste mal-estar. Se os outros (ou nós mesmos) nos tratam mal, ainda assim, podemos nos tratar bem! A alavanca para mudar este sistema é saber nos auto-acolher.
Auto-acolhimento é estar disponível para nós mesmos: abrir espaço interior para nos recebermos. Mas, se nossa linguagem interna soar hostil, não iremos querer nos auto-escutar. Naturalmente, se nos sentirmos desconfortáveis, vamos querer cair fora, mas para onde ir quando o mal-estar está instalado em nosso íntimo?
Fonte: Auto-Acolhimento
A primeira coisa a fazer é parar de nos colocar para baixo. Dizer a nós mesmos repetidas vezes: "Ok, isso de fato ocorreu, agora cabe a mim diluir esse impacto, escolho me auto-acolher". Quando agimos assim, acionamos nossa base interna de segurança, pois, passamos a estar disponíveis para nos receber ao invés de nos criticarmos ainda mais.
Auto-acolher-se não quer dizer ser condescendente com os próprios erros. Mas, sim, tratar a nós mesmos com gentileza à medida em que admitimos nossas falhas.
Auto-acolher-se não quer dizer justificar nossa fraqueza como vítimas de consequências injustas. Mas, sim, dar a nós mesmos a chance de nos levantarmos assim que caímos.
Quando pararmos de nos rejeitar, conseguiremos nos aproximar de nós mesmos a ponto de escutar nossas reais necessidades internas. A questão é que muitas vezes estamos tão sobrecarregados pela sensação de não nos sentirmos atendidos, que sequer conseguimos escutar nossos pedidos internos. Mas, à medida em que permanecemos ao nosso lado, mesmo que inconformados com o ocorrido, passamos a nos escutar.
Validar nossas necessidades é outra forma de nos auto-acolher. Depois que reconhecemos o direito de nos darmos algo, agora precisamos agir de modo coerente para recebê-lo. Se quisermos ser respeitados em nossos limites, precisaremos inicialmente ser sinceros para reconhecê-los.
Por exemplo, muitas vezes dizemos sim, quando na realidade queríamos dizer não, simplesmente porque não levamos a sério nossos limites e necessidades. Isso ocorre porque não aprendemos a escutá-los. O medo de lidar com a decepção alheia é um reflexo da incapacidade de nos auto-acolhermos diante de nossos próprios limites!
Portanto, podemos sempre ampliar nossas possibilidades internas na medida em que nos mantivermos em contato com nossa base interior. Esta não é uma atitude egocentrada, na qual o outro não é levado em consideração. Mas simplesmente parte do processo diário do desenvolvimento interior. Sabermos nos respeitar é uma forma saudável de liberarmos o outro de nossas expectativas exageradas.
Quando nos auto-acolhemos, podemos ser quem somos. Livres da pressão interna de corresponder a expectativas que ainda não estamos prontos para cumprir, podemos relaxar e gradualmente gerar novas forças para seguir adiante. Uma vez confortáveis com nossa base interior, podemos nos preparar para receber melhor o outro, seja em sua alegria ou desconforto...
Bel Cesar é psicóloga e pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano.Trabalha com a técnica de EMDR, um método de Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares. Autora dos livros Viagem Interior ao Tibete, Morrer não se improvisa, O livro das Emoções e Mania de sofrer pela editora Gaia.
Email: belcesar@ajato.com.br
Quando o desconforto próprio ou alheio entra dentro de nós, só nos resta cuidar deste mal-estar. Se os outros (ou nós mesmos) nos tratam mal, ainda assim, podemos nos tratar bem! A alavanca para mudar este sistema é saber nos auto-acolher.
Auto-acolhimento é estar disponível para nós mesmos: abrir espaço interior para nos recebermos. Mas, se nossa linguagem interna soar hostil, não iremos querer nos auto-escutar. Naturalmente, se nos sentirmos desconfortáveis, vamos querer cair fora, mas para onde ir quando o mal-estar está instalado em nosso íntimo?
Fonte: Auto-Acolhimento
A primeira coisa a fazer é parar de nos colocar para baixo. Dizer a nós mesmos repetidas vezes: "Ok, isso de fato ocorreu, agora cabe a mim diluir esse impacto, escolho me auto-acolher". Quando agimos assim, acionamos nossa base interna de segurança, pois, passamos a estar disponíveis para nos receber ao invés de nos criticarmos ainda mais.
Auto-acolher-se não quer dizer ser condescendente com os próprios erros. Mas, sim, tratar a nós mesmos com gentileza à medida em que admitimos nossas falhas.
Auto-acolher-se não quer dizer justificar nossa fraqueza como vítimas de consequências injustas. Mas, sim, dar a nós mesmos a chance de nos levantarmos assim que caímos.
Quando pararmos de nos rejeitar, conseguiremos nos aproximar de nós mesmos a ponto de escutar nossas reais necessidades internas. A questão é que muitas vezes estamos tão sobrecarregados pela sensação de não nos sentirmos atendidos, que sequer conseguimos escutar nossos pedidos internos. Mas, à medida em que permanecemos ao nosso lado, mesmo que inconformados com o ocorrido, passamos a nos escutar.
Validar nossas necessidades é outra forma de nos auto-acolher. Depois que reconhecemos o direito de nos darmos algo, agora precisamos agir de modo coerente para recebê-lo. Se quisermos ser respeitados em nossos limites, precisaremos inicialmente ser sinceros para reconhecê-los.
Por exemplo, muitas vezes dizemos sim, quando na realidade queríamos dizer não, simplesmente porque não levamos a sério nossos limites e necessidades. Isso ocorre porque não aprendemos a escutá-los. O medo de lidar com a decepção alheia é um reflexo da incapacidade de nos auto-acolhermos diante de nossos próprios limites!
Portanto, podemos sempre ampliar nossas possibilidades internas na medida em que nos mantivermos em contato com nossa base interior. Esta não é uma atitude egocentrada, na qual o outro não é levado em consideração. Mas simplesmente parte do processo diário do desenvolvimento interior. Sabermos nos respeitar é uma forma saudável de liberarmos o outro de nossas expectativas exageradas.
Quando nos auto-acolhemos, podemos ser quem somos. Livres da pressão interna de corresponder a expectativas que ainda não estamos prontos para cumprir, podemos relaxar e gradualmente gerar novas forças para seguir adiante. Uma vez confortáveis com nossa base interior, podemos nos preparar para receber melhor o outro, seja em sua alegria ou desconforto...
Bel Cesar é psicóloga e pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano.Trabalha com a técnica de EMDR, um método de Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares. Autora dos livros Viagem Interior ao Tibete, Morrer não se improvisa, O livro das Emoções e Mania de sofrer pela editora Gaia.
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